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1 de março de 2011

Conhecer a Escritura é conhecer Jesus ... e anunciá‐Lo


No Documento de Aparecida encontramos algumas afirmações bem contundentes:
“Desconhecer a Escritura é desconhecer Jesus Cristo e renunciar a anunciá‐lo. Daí o
convite de Bento XVI: ‘Ao iniciar a nova etapa que a Igreja missionária da América
Latina e do Caribe se dispõe a empreender, a partir desta V Conferência em Aparecida,
é condição indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus’” (DAp 247). Para nós que trabalhamos com formação missionária isso constitui uma declaração de primeiríssima instância. Não há como, hoje em dia, pautar uma formação missionária para leigos, religiosos ou presbíteros, sem partir das Sagradas Escrituras e de passagens bem conhecidas das Sagradas Escrituras. Ali descobrimos, numa leitura mais atenta, aplicada e desencantada, o que verdadeiramente é missão. E também, a partir da missão, descobrimos qual é o verdadeiro núcleo das passagens bíblicas. Recentemente foi republicada em português, pelas Editoras Paulus e Academia Cristã, a obra magna de Donald Senior e Carroll Stuhlmueller, “Fundamentos Bíblicos da Missão”. Não há como articular um discurso significativo sobre a missão hoje, tanto do ponto de vista católico como protestante, sem ter esse livro como uma das referências básicas. 
Na introdução, os autores afirmam com convicção que “a questão da missão é vital, não apenas como problema pastoral, mas como problema bíblico; descobrimos que aproximar‐se da Bíblia do ponto de vista da missão leva ao centro de sua mensagem”. A estreitíssima relação entre Bíblia e Missão nos sugere talvez que tenhamos que ir mais a fundo, na busca de uma resposta fundamental tanto para a Bíblia como para a Missão: quem é, afinal, Jesus? É verdade que, para responder a essa pergunta, devemos encontrar Jesus. Mas somente o encontro não resolve. Pedro encontrou Jesus, estava com Jesus, caminhava com Jesus. Respondeu certo à pergunta: “E vocês, quem dizem que eu sou?” (Mt 16,15). Mas logo depois Jesus chama Pedro de Satanás (cf. Mt 16,23). Ele compreendeu de verdade a pessoa de Jesus?
Também os outros discípulos demoraram muito a entender alguma coisa. Depois da ressurreição, dois deles, no caminho de Emaús, expressaram sua profunda decepção: “nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel” (Lc 24,21). Da mesma forma os apóstolos no cenáculo escutaram o Ressuscitado falar sobre o Reino de Deus durante 40 dias. Mas no final eles perguntaram: “Senhor, é agora que vais restaurar o Reino para Israel?” (At 1,6). O que estavam esperando, era um outro messias. 
Nesse longo e conturbado caminho estamos também nós. Nosso mestre e Senhor continua um mistério a ser contemplado e acolhido pela sua Igreja de maneira humilde e corajosa, discipular e missionária: “hoje, contemplamos a Jesus Cristo tal como os Evangelho nos transmitem para conhecermos o que Ele fez e para discernirmos o que nós devemos fazer nas atuais circunstâncias” (DAp 139). Disso depende a autenticidade, a finalidade e a qualidade de nossa missão. Contemplar Jesus fora da leitura atenta e orante das Escrituras, significa correr o risco de acreditar e anunciar o messias dos nossos sonhos e desejos. Significa trocar a revelação de Deus por uma ideologia, por um fetiche, por uma visão delirante, por um ídolo produzido, por um horizonte fechado demais.
No entanto, o dom divino que veio do céu é simplesmente surpreendente. Deus revela em Jesus seu rosto profundamente humano na aproximação a qualquer condição humana. Jesus convida qualquer pessoa, povo, sociedade do mundo inteiro a repensar
Deus a partir dEle próprio, dessa sua vida e dessa sua missão “como os Evangelho nos transmitem”, como Filho de Deus e Filho do Homem. Por isso que Aparecida retoma com força o apelo de João Paulo II: “a todos nos toca recomeçar a partir de Cristo” (DAp 12). Eis a nossa missão.
(Fonte:  www.cnbb.org.br)